terça-feira, 25 de agosto de 2009


EU ENLOUQUECÍ ?



Quem define o que é loucura?
Como se define?
A crítica social?
A loucura como genialidade?
A loucura como arte?
A loucura individual e a loucura coletiva?
De tudo um pouco e para todos os gostos.

Resolvi que vou falar da loucura como desculpa.
Observe o período do nazismo e como Hitler conseguiu se manter no poder e envolver vários grupos sociais em seu projeto de extermínio. Pois uma das expressões mais recorrentes para explicar este fenômeno é o da loucura, que ele era louco…
Boa desculpa!
Só que é uma desculpa que evita o aprendizado da experiência. Se o outro está louco, não me identifico com ele.
O sujeito perdeu o traço da razão que qualifica o ser humano . Não há o que explicar.

É como se fosse aberto um grande parênteses, um vazio, antes que a via retome a sua normalidade. Se for assim, o período do nazismo é esta lacuna do inexplicável.
Mas será mesmo?
Ou isto é simplesmente uma fuga, para que não tenhamos que enfrentar nossos próprios medos mais secretos?
Agora, e se Hitler tivesse vencido, qual a versão que teríamos para loucura?
Esta desculpa serviria para encobrir o quê?

Os tiroteios, como o de um rapaz, na sessão de cinema de um filme disparou contra os espectadores, também remetem a esta mesma e imediata associação: loucura.
Fora as desculpas de loucura para os assassinatos por ciúme, no trânsito, ou outros motivos fúteis.

E com que nós nos identificamos?
Rimos da graça de que poderíamos, sim, estar ali, também, trancafiados mas porque não somo loucos, ah, não, levamos esta vida normal de tocar o dia-a-dia, de aceitar, mesmo que com tímidos protestos, a corrupção e as injustiças do mundo.
E quando as coisas não saem exatamente como esperado, dá para se ouvir alguém que ainda diz, mesmo que a quatro paredes:
Se a ditadura voltasse, nada disto estava ocorrendo!

Agora, alguém me explica quem é o louco aqui?
Fechar os olhos para a loucura, trancafiá-la entre quatro paredes ou domesticá-la com remédios poderosos sempre foi uma estratégia recorrente.

Na Idade Media, recolhiam-se os loucos (quem seriam eles?), colocavam em uma embarcação e soltavam no mar, certos de que, a deriva, morreriam.

Era a Nau dos Insensatos.

Adoro a expressão, seu ritmo e sua força.
Será que a nau dos insensatos continua vagando por aí, esperando para que embarquemos nela?
E podemos utilizar a loucura como justificativa e desculpa para fazer o que queremos?

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Um comentário:

  1. Enaide:
    Não sei se você percebeu, mas a desculpa para todos os atos insanos de hoje em dia, se chama loucura. Qualquer crime é explicado como ato de loucura ou momento de. Acho que é simplificar demais o que não tem explicação lógica!!! Assim fica fácil não é?
    Também amo a expressão a Nau dos Insensatos, afinal já estive nela muitas vezes! kkkkk
    Quem já não teve seus momentos de insensatez? Aliás, que música linda é Insensatez!
    Beijocas

    ResponderExcluir

Que bom que vc veio comentar! BJOKAS!

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